top of page
Buscar

Oscar 2020 e a relutância da Academia em reconhecer o trabalho das diretoras

  • Foto do escritor: Giovana Costa
    Giovana Costa
  • 20 de jan. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 29 de jan. de 2020

Mais uma edição do prêmio e ainda sim, o histórico excludente da premiação continua: nenhuma mulher foi indicada a “Melhor Direção”.



Somente homens foram indicados na categoria | Foto: Termometrooscar

A relação entre Hollywood, a premiação e as mulheres sempre foi problemática quando o assunto é respeito e o reconhecimento das mulheres, e apesar do progresso que ocorreu em 2018, quando Greta Gerwig foi indicada a melhor direção por “Lady Bird”, a tendência sexista de excluir diretoras da categoria segue na edição de 2020. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou na segunda-feira (13) os indicados ao prêmio e logo gerou alguns questionamentos nas redes sociais devido a falta de diversidade. É importante pontuar que somente cinco mulheres foram indicadas a “Melhor Direção” ao longo dos 92 anos de existência do prêmio, sendo que somente uma delas foi premiada - Kathryn Bigelow por “Guerra ao Terror” em 2010 - antecedendo a indicação de Greta.


Não se trata de um déficit de filmes dirigidos por mulheres

De acordo com uma pesquisa do Annenberg Inclusion Initiative (centro de estudos sobre diversidade) da Universidade do Sul da Califórnia, mais de 10% dos principais filmes do ano passado foram dirigidos por mulheres, mais do que o dobro de 2018 e também o maior número da década. Segundo a pesquisa, de 113 direções dos 100 principais filmes do ano, doze foram feitas por mulheres, em comparação com apenas cinco em 2018. Além disso, examinando os 1.300 principais filmes de 2007 a 2019, os pesquisadores de Annenberg descobriram que, em média, apenas 4,8% da direção dos longas eram femininas. Porém, este número subiu para 10,6% em 2019. “Capitã Marvel”, “Fora de Série”, “As Panteras”, “A Chefinha”, as animações “Frozen 2” e “Abominável” são alguns dos longas lançados em 2019 feitos por diretoras. A pesquisa também demonstra expressivos números em relação às indicações ao prêmio de "Melhor Direção" em diferentes premiações, no período de 2008 a 2020: somente 5,1% das diretoras foram indicadas, enquanto 94,9% dos homens foram contemplados nas indicações.


Kathryn Bigelow é a única mulher premiada na categoria de “Melhor Direção do Oscar | Foto: BBC

Dentre os longas indicados a "Melhor Filme" na edição de 2020, apenas um tem a direção feita por uma mulher: "Adoráveis Mulheres" de Greta Gerwig. Inclusive, a expectativa antes da lista oficial, era de que ela seria indicada por este trabalho, mas isto não aconteceu. Outras diretoras que tiveram trabalhos exaltados pela imprensa e pelo público, que também foram lembrados em outras categorias ou premiações, mas não foram indicadas a “Melhor Direção” no Oscar 2020 são: Melina Matsoukas, por "Queen & Slim"; Kasi Lemmons, por “Harriet”; Lulu Wang, por "A despedida"; Mati Diop, por "Atlantique"; Lorene Scafaria, por "As Golpistas", e Céline Sciamma, por "Retrato de uma Jovem em Chamas". Estas profissionais e seus notáveis longas são algumas das provas de que, existem sim, excelentes trabalhos dirigidos por mulheres e, infelizmente, também há uma resistência a reconhecê-las por parte da Academia. Por presumir que narrativas focadas em mulheres são inferiores ou menos importantes, levando em consideração que histórias focadas em homens levam mais destaque, um erro calcado numa cultura marcada pelo patriarcado acaba privando o público de conhecer grandes histórias dirigidas, produzidas e até mesmo protagonizadas por mulheres.

É estranho pensar que a evolução da premiação em relação a diversidade não é contínua, apesar de pequenos feitos progressistas. No Oscar 2019 por exemplo, a premiação bateu seu recorde em relação ao reconhecimento de mulheres que levaram 15 estatuetas, e também, em referência aos profissionais negros, sendo que sete foram premiados. Porém, além da questão das atrizes, em 2020, a desigualdade nas indicações revela-se também em outras categorias: a atriz inglesa Cynthia Erivo foi a única pessoa negra indicada nas categorias de atuação. Ela concorre por seu trabalho em “Harriet”, pela estatueta de “Melhor Atriz”. Todos estes fatores são importantes indicativos de como mudanças são necessárias, afinal, apesar do corpo de votantes da Academia ter sido elevado para quase nove mil pessoas, a organização que é composta por 68% de homens e 84% de pessoas brancas, segue um caminho nada promissor em relação ao reconhecimento de notáveis profissionais.


A premiação acontece dia 09 de fevereiro.

Comments


© 2023 by Giovana Costa. Proudly created with Wix.com

bottom of page