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Os Vingadores: The Avengers
Direção: Joss Whedon
Ano: 2012
Gênero: Ficção científica, super-heróis
Duração do filme: 2h23m
Passa no teste de Bechdel: Não
Os Vingadores: The Avengers é um filme estadunidense do gênero ficção científica e do segmento de filmes de super-heróis, dirigido por Joss Whedon. Após o sucesso de "Homem de Ferro", um longa sobre o personagem homônimo da Marvel Comics (editora de quadrinhos americanos), lançando em 2008 e dirigido por Jon Favreau, a Marvel Studios (estúdio de cinema norte-americano dedicado à produção de filmes baseados nos personagens da Marvel Comics) decidiu lançar o longa para introduzir a equipe de super heróis "Os Vingadores" em seu Universo Cinematográfico, que estava prestes a surgir. De acordo com o site Box Office Mojo que, avalia o desempenho das bilheterias, este primeiro filme sobre o grupo arrecadou o valor de um bilhão, 518 milhões de dólares, enquanto seu orçamento foi de 220 milhões de dólares. A trilha sonora épica de Alan Silvestri, bem característica deste segmento, constrói os momentos de tensão, conflito, batalhas e conquistas, trazendo diferentes emoções aos espectadores. Sendo o primeiro filme aquele que mostra a origem dos Vingadores, foi também um marco no gênero dos filmes de super-heróis pois a partir deste filme, a Marvel Studios construiu a continuação de seu universo expandido, que ambientou seus lançamentos futuros e instigou futuros lançamentos do mesmo gênero. E enquanto Os Vingadores: The Avengers possui poucas mulheres, já que somente uma delas é heroína e realmente faz parte da equipe Vingadores, conforme os outros filmes iam sendo lançados, outras personagens femininas eram finalmente adaptadas às telas, mas nunca com tanto destaque quanto os heróis. Ao longo dos anos, a franquia recebeu mais filmes sobre a equipe, complementando o Universo Cinematográfico, trazendo maiores detalhes a trama e finalizando a história do grupo, sendo: "Vingadores: Era de Ultron" lançado em 2015, e mais duas sequências que foram filmadas simultaneamente, "Vingadores: Guerra Infinita" lançado em 2018 e "Vingadores: Ultimato" que estreou ainda este ano. O último possui o maior número de personagens femininas que o Universo Cinematográfico Marvel já comportou, fecha o ciclo dos Vingadores e ainda quebrou o recorde de maior bilheteria do mundo, que pertencia a "Avatar", lançado em 2009 e dirigido por James Cameron.

No primeiro filme, há somente uma heroína: Viúva Negra | Foto por: Heróis X

No último filme da franquia, o número de heroínas é maior | Foto por: MovieWeb
Além dos longas sobre a equipe Vingadores, foram também lançados filmes solos de diferentes personagens da Marvel. Estes foram intercalados entre os filmes sobre os Vingadores, e são centrados na origem e história de cada um. Dos integrantes da equipe, foram lançados filmes do Homem de Ferro, do Capitão América e do Thor. Em 10 anos de Universo Cinematográfico Marvel, já existem filmes solo do Hulk lançados pela Universal Pictures, mas não foram lançados filmes solos do Gavião Arqueiro e da Viúva Negra. Porém, após o sucesso do filme “Mulher Maravilha” da editora de quadrinho americanos concorrente, DC Comics, lançado em 2017 e dirigido por Patty Jenkins, a Marvel finalmente parece ter percebido o ótimo desempenho do protagonismo feminino em filmes do gênero e refletido nas bilheterias. Então, decidiu finalmente investir num filme solo de uma heroína lançando “Capitã Marvel” em 2019, dirigido por Anna Boden e Ryan Fleck, e anunciando um filme solo da Viúva Negra com lançamento previsto para 2020. Mas é importante citar que fazer parte do Universo Cinematográfico Marvel não isentou Capitã Marvel de ser alvo de tentativas de boicote e até reclamações misóginas nas redes sociais, que incluíam questionamentos sobre a escolha da atriz (Brie Larson) por ela não ser simpática o suficiente por “nunca estar sorrindo” ou até mesmo sobre não ser voluptuosa o “suficiente” para interpretar a personagem, algo que a atriz Gal Gadot também enfrentou ao ser chamada para interpretar a Mulher Maravilha nas telas. Curiosamente, os comentários só pioraram após os posicionamentos positivos de Brie Larson sobre o movimento feminista.
Em “Os Vingadores: The Avengers”, a única mulher que possui maior protagonismo no filme é Natasha Romanoff, a heroína Viúva Negra. A segunda mulher com mais tempo de tela é a agente Maria Hill (Cobie Smulders). Em seguida está Virginia "Pepper" Potts (Gwyneth Paltrow), a namorada de Tony Stark, o Homem de Ferro. Uma mulher muito inteligente e talentosa, mas que acaba tendo pouco destaque já que aparece em cena apenas para situar a vida “normal” de Stark quando ele não está com a armadura do herói. E por fim, apenas em foto, aparece Jane Foster (Natalie Portman), a namorada de Thor, que simplesmente é citada. É claramente visível que as mulheres que não estão diretamente envolvidas no de desenvolvimento da história, ou seja, aquelas que são heroínas, ou então que estão trabalhando para a S.H.I.E.L.D., o que lhes resta é servir ao arco amoroso da trama sendo namoradas dos super-heróis. O que também não poupa sequer a destemida e extremamente habilidosa heroína, Viúva Negra que, tem sua amizade com o herói Gavião reproduzida neste primeiro filme de maneira muito sugestiva, quase como uma possibilidade de um futuro romance, que por acaso, já foi visto anteriormente pelos fãs dos quadrinhos, já que os personagens já se envolveram amorosamente antes. Ao passo em que, apesar disso não acontecer com Gavião nos futuros filmes, realmente acontece mais tarde com o personagem Bruce Banner, o Hulk, em “Vingadores: Era de Ultron”.

Scarlett é a única mulher pertencente a equipe de heróis do cast da Marvel | Foto por: Hollywood.com
Além disso, em alguns enquadramentos é possível perceber que a intenção é dar ênfase nas curvas da Viúva Negra, como no momento em que ela faz o interrogatório de Loki. Inclusive, a atriz Scarlett Johansson passou por algumas situações constrangedoras na época do lançamento do filme durante algumas coletivas, recebendo perguntas inapropriadas sobre seu figurino como: “Você usa calcinha por debaixo do macacão justo?”. A agente Maria Hill, por sua vez, não recebe os enquadramentos invasivos e nem é reduzida ao clichê romântico, mas é visível como ela não tem tanto reconhecimento ao logo do filme, apesar de estar sempre se colocando em situações de risco para salvar os agentes ao seu redor e seu líder, Nick Fury, quem ela constantemente protege ao longo da narrativa. A sensação é que ela tem as mesmas funções que os outros agentes homens do filme, até mais perigosas em determinadas cenas, mas não parece possuir o mesmo tempo de tela ou fala, além de ser constantemente interrompida. A agente parece viver nas telas o que muitas mulheres vivem no cotidiano: desempenha as mesmas funções que seus colegas homens mas não recebe o mesmo reconhecimento por isso e ainda se vê constantemente diminuída, ainda que indiretamente, em situações discretas, mas muito pontuais: quando dá ideias elas não são “boas o suficiente” para serem executadas, é ignorada em alguns momentos e não recebe tanto destaque por seu excelente trabalho. Como espectadora, é animador ver mulheres como a Viúva Negra e Maria Hill num filme desse gênero, ainda mais levando em consideração sua habilidade, coragem e talento, afinal, são personagens muito inteligentes e necessárias. Mas ao mesmo tempo, é estranho pensar que elas não interagem e estão constantemente rodeada de homens, num filme de 2012. Assim como é um pouco desanimador ver Pepper e Jane reduzidas a resolução romântica do filme, afinal elas parecem ser mulheres muito interessantes, que possuem muito a acrescentar à história. Além de seus parceiros, seria fascinante descobrir um pouco mais sobre seu passado e suas motivações.
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