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Lucasfilm

Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança

Direção: George Lucas 
 

Ano: 1977
 

Gênero: Ficção científica
 

Duração do filme: 2h5m
 

Passa no teste de Bechdel: Não

     Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança (“Star Wars: Episode IV - A New Hope”, em inglês) é um filme norte-americano do gênero ficção científica escrito e dirigido por George Lucas. O primeiro da saga homônima foi lançado em 25 de maio de 1977 e é o quarto na ordem cronológica da história. Considerada uma das sagas mais queridas, com inúmeros fãs ao redor do mundo, Star Wars impressiona com a qualidade, inovação, criatividade e os números: conquistou uma impressionante bilheteria de 775,4 milhões de dólares, de acordo com o site Box Office Mojo, que avalia o desempenho de vendas dos filmes. O longa recebeu seis prêmios dentre as dez nomeações ao Oscar: Melhor Trilha Sonora Original (por John Williams), Melhor Mixagem de Som, Melhores Efeitos Visuais, Melhor Figurino, Melhor Montagem e Melhor Direção de Arte. Foram gastos US$ 11 milhões para filmá-lo e ainda que o valor seja ajustado segundo a inflação, o filme custaria hoje aproximadamente US$ 45 milhões, de acordo com a plataforma Quartz. Além disso, o primeiro da saga, possuía o título de terceiro filme de maior bilheteria da história, com o seu faturamento de quase US$ 2 bilhões, levando em consideração a inflação da época.

     Outro fator notável é a interação dos fãs com a saga: a circulação de bens oriundos ou de qualquer relação com Star Wars inspirou uma geração de jovens cineastas que surgiriam mais tarde. Estes bens assumiram significados mais profundos à medida que se tornaram recursos que incentivariam a construção das próprias histórias dos fãs, a partir do universo criado por George Lucas. Inspirados pelo sucesso e criatividade da saga, surgiram projetos coletivos de filmes feitos por fã clubes. Quando a rede de entretenimento, Atom.com, que oferece filmes, animações e séries originais de curta duração por criadores independentes, lançou um concurso oficial de filmes feitos por fãs de Star Wars em 2003, a plataforma recebeu mais de 250 inscrições. Outros sites não oficiais como TheForce.net por exemplo, que traz informações diárias sobre o universo da saga, também comporta filmes produzidos por fãs. O Episódio IV – Uma Nova Esperança,  é considerado um dos melhores filmes de ficção científica já produzidos. Star Wars foi um impacto tão grande no cinema, que alguns pesquisadores caracterizam-no como um marco histórico, classificando algumas obras do cinema a partir da criação da saga, como um marcador na linha do tempo dos filmes do mesmo gênero. A companhia de produção Lucasfilm criada por George Lucas foi capaz de influenciar a indústria cinematográfica com o alto nível das produções e todas as suas inovações. O filme é também considerado pelos críticos como o símbolo inicial da "Era dos Blockbusters", marcada pelo uso dos efeitos visuais, grande marketing e propagandas, gigantes produções, inovações tecnológicas, dentre outras.

 

 


 

     É importante pontuar que na década de 70, os homens dominavam as produções, tanto na direção quanto na frente das telas. Atores como Marlon Brando, Robert Duvall, Warren Beatty, John Travolta e o próprio Harrison Ford eram considerados as maiores estrelas do cinema, atuando em produções grandes, além de carregarem o título de galãs.  Enquanto isso, diretores como Francis Ford Coppola, Stanley Kubrick, Martin Scorsese e Ridley Scott ganhavam destaque por suas produções e o prestígio só aumentava. Em ‘Uma Nova Esperança”, essa defasagem em relação ao destaque do trabalho de atrizes aparece muito, afinal, a representação feminina é pequena em quantidade, já que dentro de uma vasta galáxia, apenas são mostradas a tia de Luke, Leia Organa e duas mulheres em um bar. Mas ao mesmo tempo, apesar de Beru mal aparecer no primeiro filme e Leia conviver apenas com homens, é possível perceber que existe uma tentativa de trazer uma personagem feminina diferente: uma princesa general sagaz, justa e perspicaz e que apesar de precisar de salvamento no primeiro filme, é extremamente autônoma em suas atitudes.

     

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Os fãs comemoram a estréia do longa | Foto por: The New York Review Of Books
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A produção do filme se reúne para a fotografia | Foto por: starwars.com

     Leia ganha destaque pela sua coragem, inteligência e força, consegue facilmente se defender sozinha e salva Han Solo e Luke inúmeras vezes, mas isso também não a isenta de lidar com o machismo, seja sendo a única mulher com funções políticas no filme, seja como nas cenas em que é subestimada por Tarkin (Peter Crushing) e Vader ou como quando é diminuída pelos comentários desnecessários e confusos de Solo. Inclusive, vale lembrar que os enquadramentos não reforçam uma objetificação do corpo da personagem, o que é realmente muito válido, levando em consideração como o olhar masculino (bem como a busca incessante em agradar os olhares do espectador, que também era pensado como um público majoritariamente masculino) era hiper valorizado na época. E apesar de Leia não utilizar roupas provocantes neste primeiro filme, a sexualização chega mais tarde, de forma bem mais explícita em "Star Wars - Episódio VI: O Retorno de Jedi" de 1983, quando Leia é uma prisioneira de Jabba the Hutt (Larry Ward) e usa um provocante biquíni  de metal, simplesmente para agradar os olhares citados anteriormente. O que num primeiro momento foi concebido como um visual mais feminino para a princesa, de acordo com a própria atriz, Carrie Fisher, logo foi repensado. Posteriormente, ela rejeitou as cenas com o figurino sensual, inclusive sugeriu que futuras atrizes não se deixassem levar por pressões parecidas para utilizar trajes justos e curtos. Como mulher e fã da saga, foi realmente impactante ver como uma personagem tão inspiradora e interessante foi reduzida e tratada neste episódio em questão. O que inclusive é suficiente para causar desconforto durante as cenas, afinal, fica muito claro que a decisão de transformar o figurino é simplesmente para hipersexualizá-la.

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Leia em "Star Wars - Episódio VI: O Retorno de Jedi" (1983) | Foto por: Everett

     Com uma estrutura baseada na “jornada do herói” e contando com três trilogias para a franquia, a saga Star Wars traz a jornada de três personagens: Luke Skywaker nos episódios IV, V e VI (final dos anos 1970 e o início dos 1980), Anakin Skywalker nos episódios I, II e III (produzidos entre o final dos anos 1990 e o início dos 2000), e Rey nos episódios VII, VIII e IX (2015, 2017 e o último lançamento em 2019), os dois primeiros homens, e a última uma mulher. Tanto Luke, Anakin e Rey possuem a atribuição de serem “escolhidos” pela Força. Luke representa o bem, o lado luminoso, Anakin denota o mal, o lado obscuro, enquanto a recente narrativa de Rey, da última trilogia, traz uma nova maneira de lidar com a Força: o equilíbrio. Antes dela, durante a trilogia de Anakin, existe outra mulher com destaque na saga: Padmé Amidala (Natalie Portman), mas a ela ainda restam os clichês de cenas repletas de juras de amor em belas paisagens, um relacionamento abusivo e tóxico, e claro, a maternidade. Após alguns anos trazendo uma representação feminina, que começou em Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança, com apenas com duas mulheres em uma gigantesca galáxia, e que inclusive não conversam entre si durante o filme, hoje em dia, a franquia traz finalmente o protagonismo feminino, sem sexualizar a personagem.

     Rey, além de representar o equilíbrio da Força, é também representada como uma jovem mulher inteligente, determinada, curiosa e corajosa. Mantendo a trilha sonora épica, os amados droids, o legado de queridos personagens, os sons de blasters e as viagens intergalácticas numa produção que cativou o público, Star Wars traz atualmente um novo tom, de maior diversidade e que condiz com a consciência das novas gerações que agora começam a se encantar com a saga. Mas é importante refletir sobre as possíveis motivações que estão por trás do protagonismo feminino no universo de Star Wars. Penso que existem algumas razões para as mudanças: a primeira baseia-se na percepção de que, durante muito tempo, houve um mal aproveitamento de público. Isto é, seguindo a lógica de que um filme produzido e interpretado em sua maioria por homens, tendo como estratégia agradar um público que é pensado como majoritariamente masculino, acaba por excluir as fãs da saga, ou seja, o público feminino não é contemplado (o que explica uma galáxia com duas mulheres). Além disso, seguindo as tendências mundiais de modificar o tipo de diálogo e pensar numa maior diversidade, o protagonismo feminino entra em ação aliado a uma lógica mercadológica de, finalmente, enxergar as mulheres, pensando-as como um público consumidor. Afinal, nos primeiros longas da saga, o americano Gary Kurtz era quem produzia os filmes. Hoje em dia, a produção está nas mãos da estadunidense Kathleen Kennedy, o que ainda não foi suficiente para colocar uma mulher na direção dos filmes, mas já denota uma certa representatividade que acompanha as narrativas atuais da trama.

 

Você pode conferir a análise fílmica completa de "Star Wars - Episódio IV: Uma Nova Esperança" clicando no logo abaixo:

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