SuperPowering Girls e o impacto da representação feminina
- Giovana Costa
- 8 de nov. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 29 de jan. de 2020
Estudo da parceria entre BBC America e Women’s Media Center comprova o impacto da representatividade na vida de jovens meninas.

“Quais são os papéis das mulheres e meninas na ficção científica e nos filmes de super-heróis e na televisão? Eles são visíveis? Eles são poderosos? Eles são inclusivos? O que a representação, voz compartilhada, presença - ou ausência - significa para as histórias que moldam nossa imaginação de quem somos e do que é possível?” Estas são algumas das perguntas abordadas em uma série de reportagens que a BBC America e o Women’s Media Center criaram, com a intenção de expandir a diversidade e a representação de mulheres e meninas na mídia, tanto na frente das câmeras, quanto nos bastidores. Fundada em 2005 por Jane Fonda, Robin Morgan e Gloria Steinem, a Women’s Media Center (WMC) é uma organização feminista e sem fins lucrativos, que trabalha para amplificar a visibilidade e o poder de decisão de mulheres e meninas na mídia e, assim, garantir que suas narrativas sejam contadas e suas vozes sejam ouvidas.
A parceria entre a BBC America e a Women’s Media Center faz parte da recém criada “Galaxy Of Women”, uma iniciativa que tem como objetivo destacar as mulheres e meninas do cotidiano, e ainda permite que o público reflita sobre as possibilidades de suas próprias oportunidades no futuro. “Galaxy of Women” propõe mudar a forma como as mulheres são vistas, escutadas e vivenciadas na mídia e na cultura, a fim de trazer uma reflexão mais autêntica. Assim, surgiu em 2018, o "SuperPowering Girls: Representação Feminina no Gênero Sci-Fi / Super-Herói”, o primeiro estudo conjunto, responsável por analisar como as representações de mulheres na tela afetam mulheres jovens e meninas. Sarah Barnett, presidente da BBC America afirma a importância do estudo: “Nós da BBC America estamos honradas de trabalhar com eles para fazer avançar as maneiras pelas quais as mulheres são representadas nas histórias que vemos na televisão, e uma parte crucial disso é quem consegue contar as histórias. A representação é importante: se você não consegue vê-la, não pode ser ela. Estamos muito orgulhosos de nos envolver em uma aliança que visa expandir o que pode ser visto”.

A pesquisa foi realizada com meninas e meninos entre 5 a 19 anos de idade. Os pais das crianças de 5 a 9 anos também foram consultados para o estudo. Iniciando a pesquisa com os jovens de 10 a 19 anos de idade, 63% das meninas acreditam que não há representatividade suficiente de seu gênero nas telas. Enquanto 35% dos meninos acreditam que existe representatividade suficiente de seu gênero nas telas. 65% das meninas também disseram que acreditam não existir personagens, do seu gênero, fortes e com os quais possam se identificar. Enquanto 40% e 34% dos meninos afirmaram, respectivamente, que acreditam não existir personagens, do seu gênero, fortes e com os quais possam se identificar. Porém, a pesquisa também traz dados animadores: a maioria das meninas (85%) e dos meninos (69%), entre 10 e 19 anos, querem ver mais representação feminina no gênero sci-fi (ficção-científica), bem como super-heroínas nas telonas. Enquanto 88% dos pais de meninas e 75% dos pais de meninos, entre 5 e 9 anos de idade, também gostariam de ver o mesmo. O estudo também demonstra importantes questões étnicas de representatividade: 74% das meninas, entre 10 e 19 anos de idade, desejam ver mais representações que se pareçam com elas. Sendo 83% das adolescentes afro-americanas, 78% latinas e 70% caucasianas. Enquanto 68% dos meninos, entre 10 1 19 anos de idade, também gostariam de ver mais representações que se parecem com eles. Sendo 82% dos garotos afro-americanos, 74% latinos e 62% caucasianos.

Dentre os super heróis e super-heroínas favoritos(as), as meninas elegeram Mulher-Maravilha como a personagem com quem mais podem se identificar e parecer. Enquanto os meninos elegeram Batman, o homem morcego. Em segundo lugar ficou Pantera Negra, que foi citado por 28% dos meninos afro-americanos. Em relação a auto-imagem e a confiança, foi comprovada uma lacuna significativa de confiança em meninas, quando comparada aos meninos: 70% das meninas e 81% dos meninos afirmaram que garotas tendem a se sentir menos confiantes do que os meninos. De acordo com 69% das meninas e 82% dos meninos afirmaram que garotas tendem a se sentir menos corajosas do que os meninos. Enquanto 57% das garotas, entre 10 e 19 anos de idade, afirmaram não se sentirem ouvidas pelas pessoas ao seu redor. Assim como 1 em cada 3 adolescentes concorda que as meninas têm, de modo geral, menos oportunidades que os meninos de serem líderes.

Mas o estudo também se mostrou muito positivo, principalmente em relação ao empoderamento das meninas. 90% das garotas disseram que as personagens de sci-fi e as super-heroínas são representações/modelos positivos para elas. Enquanto 81% delas concordaram que ver uma doutora na série "Doctor Who" as fazem sentir como se pudessem ser o que quisessem. Já em relação ao impacto direto na autoestima das meninas, os resultados foram ainda mais específicos e positivos: 84% das meninas disseram que ver suas personagens de sci-fi e super-heroínas favoritas fez com que se sentissem mais fortes. Além disso, 81% se sentiram mais corajosas; 80%, mais confiantes; 77%, mais inspiradas; 75%, mais positivas; e 74%, mais motivadas. Para 58% das garotas, entre 10 e 19 anos de idade, o impacto de ver personagens femininas de sci-fi e super-heroínas nas telas as fez pensar que “poderiam conseguir qualquer coisa que quisessem”. O percentual passa para 63% no caso das meninas não brancas e 52% das meninas caucasianas. Para 45% dos garotos, entre 10 e 19 anos de idade, o impacto de ver personagens masculinos de sci-fi e super-heróis nas telas os fez pensar que “poderiam conseguir qualquer coisa que quisessem”. O percentual passa para 52% no caso das meninos não brancas e 38% dos meninos caucasianos.
A discussão sobre representatividade têm ganhado mais espaço a partir dos movimentos de reivindicação de direitos de diversos grupos sociais. É muito importante que assuntos como este estejam em pauta, já que, aliadas a televisão, as redes sociais surgiram como um novo medidor na mídia. Seja de valores sociais baseados no consumo, ou de diferentes padrões de beleza e comportamento. Meninos e meninas se vêem constantemente rodeados de diferentes formas de padronização. Sendo assim, é importante que seja possível que se reconheçam, se identifiquem, se sintam representados e se sintam bem consigo mesmos de alguma maneira.
Você pode conferir o infográfico do estudo “SuperPowering Girls”: Representação Feminina no Gênero Sci-Fi / Super-Herói” abaixo:

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