Arlequina e as Aves de Rapina: a emancipação feminina além das telas do cinema
- Giovana Costa
- 27 de jan. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 29 de jan. de 2020
Contando com produção, roteiro e direção feita por mulheres, aliadas ao protagonismo feminino em um filme de ação, o longa traz uma nova história para a anti-heroína.

Nos trailers, é possível ver uma Arlequina que passa de triste e desacreditada à uma mulher determinada e disposta a causar impacto. E claro: divertida, fashion, original e doidinha como sempre! Ao lado da detetive Renee Montoya (Rosie Perez), Canário (Jurnee Smollett-Bell) e Caçadora (Mary Elizabeth Winstead), a personagem retorna às telas, mas desta vez, com um roteiro um pouquinho diferente e mais emancipatório. A ideia de realizar “Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa” partiu da atriz Margot Robbie durante a gravação do longa “Esquadrão Suicida” (2016), quando a personagem dos quadrinhos DC Comics finalmente ganhou vida no Universo Cinematográfico da DC. Apesar das duras críticas em relação ao filme do grupo de vilões, a personagem ganhou muito destaque e logo tornou-se um ícone, principalmente para jovens garotas.
Indicada ao Oscar 2020 na categoria “Melhor Atriz Coadjuvante” por seu papel em “O Escândalo” (2019), Margot agora também realiza trabalhos na produção de longas, através de sua produtora “LuckyChap”, que foi fundada há dois anos. Ela explica suas motivações para sugerir “Aves de Rapina” à Warner: “Eu já pensava há algum tempo em como realmente havia uma lacuna no mercado para um filme de ação de um grupo feminino. E eu amo filmes de ação, e acho que há um equívoco, talvez subconscientemente, das pessoas: “Os filmes de ação são para caras, as meninas não gostam muito deles”. O que simplesmente não é verdade. Adoro eles! Conheço muitas outras mulheres que os amam. Eu adorava assistir filmes como “As Panteras” enquanto crescia. Então eu sabia que queria encontrar isso e ajudar a colocá-lo na tela em algum lugar”, afirma. Assim surgiu a continuação de Arlequina nos cinemas: um longa escrito por Christina Hodson, produzido por Margot Robbie e Sue Kroll, e dirigido por Cathy Yan, a primeira mulher de origem chinesa a dirigir um filme no segmento de longas baseados em HQ’s sobre super-heroínas. E esta não é apenas uma feliz coincidência, Margot fez questão de selecionar um time majoritariamente feminino em sua produção, incluindo alguns homens.
Trata-se de diversidade e representatividade feminina, em uma narrativa sobre a emancipação de uma personagem que saiu de um relacionamento tóxico e agora consegue enxergar novas possibilidades em sua trajetória. Sim, é isso mesmo! No trailer, Arlequina revela que se separou de Coringa. Um ponto importante em sua história levando em consideração sua submissão e o histórico de abusos, exploração e violência que ela sofreu nas mãos do vilão. Além disso, ela também se livra da hipersexualização que aconteceu em “Esquadrão Suicida”, dirigido por David Ayer, quando os enquadramentos focalizavam seu micro-shorts, enfatizando seu corpo, enquanto o mesmo não acontecia com seus colegas homens, como Will Smith (“Pistoleiro”) ou Joel Kinnaman (Rick Flag). É importante lembrar o quão controverso o figurino de Arlequina foi, sendo que seus shorts chegaram a ser aumentados digitalmente para os comerciais de TV, sendo que a versão curta se manteve no filme. Já em "Aves de Rapina", a situação é bem diferente, os figurinos foram pensados de outra maneira. "É isso que acontece quando temos mulheres em cargos de produção, direção e roteirista”, desabafa a figurinista do longa, Ein Benach, em entrevista para a Vogue. Ela também deixou claro que os figurinos fashionistas, que trazem muita cor e um tom divertido a trama, são uma representação fiel das mulheres, já que sua intenção era fugir dos estereótipos que são impostos às personagens femininas nos quadrinhos: "São muitas mulheres no filme, queria mostrar suas personalidades. Sou muito consciente do que projetamos para o mundo. Então nossas mulheres usam uma combinação do que é funcional e do que as faz se sentirem sexy e na moda", revela.
Em “Esquadrão Suicida”, Arlequina tem várias cenas com enquadramentos que contribuem com sua hipersexualização | Imagens do filme
Arlequina é uma personagem divertida, de certa forma inocente, mas também muito inteligente e instável. Apesar de seu passado problemático envolvendo muita obsessão, violência e toxicidade por causa do vilão Coringa, ela inspira muitas jovens mulheres. Por isso é tão importante vê-la representada num novo momento, mais independente e com maior autonomia sobre sua própria história. Seu visual é descolado e reflete sua personalidade, além disso, ela possui muito potencial e já apresentou-o anteriormente, tanto nos quadrinhos, séries animadas e agora também nos cinemas. No longa, ela se junta a Canário Negro, Caçadora e Renee Montoya para salvar a vida de uma garota do criminoso Máscara Negra (Ewan McGregor) em Gotham City. Desde a produção, até o roteiro que envolve a libertação da personagem, seu novo filme representa uma quebra de padrões: trata-se de uma gangue feminina num filme de ação. O que pode revelar um futuro promissor para as mulheres no cinema, sobretudo no segmento de filmes de super-heróis, assim como “Mulher-Maravilha” (2017) provou em seu lançamento quando abriu espaço para o protagonismo feminino em filmes sobre super-heroínas.
“Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa” estréia dia 6 de fevereiro no Brasil. Confira o trailer abaixo:
Comments